Câmara recebe doação de obra que conta a vida do advogado dos escravos

Exemplares da obra ficarão disponíveis a partir dessa terça-feira (21) dentro do projeto “Esqueça Um Livro na Câmara”
Câmara recebe doação de obra que conta a vida do advogado dos escravos

Foto: Rose Parra - ACS/CMI

Simone Santos

O vice-presidente da Comunidade Negra de Indaiatuba (Coni) e coordenador do CRAS-Jovem, Renato Nogueira, doou hoje (20), Dia da Consciência Negra, seis caixas de livros com o título “O Advogado dos Escravos”, de autoria de Nelson Câmara (Editora Lettera.doc). “A ideia é difundir a história Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882), um escravo liberto que acabou se tornando o advogado dos escravos, numa tentativa de retomarmos a História para que possamos, nas mais variadas áreas, combater o estigma da discriminação racial”, afirma Renato.

A obra tem prefácio do professor e criminalista Miguel Reale Júnior e, na oportunidade, Renato deixou um exemplar nas mãos de cada um dos vereadores. “Numa data tão importante como a de hoje, a obra chama a atenção para a questão histórica da luta pela igualdade e pela democracia dentro da nossa sociedade, sendo muito oportuna para todos nós, indaiatubanos”, lembra o presidente da Câmara, o vereador Hélio Ribeiro.

Os exemplares da obra ficarão disponíveis a partir dessa terça-feira (21) dentro do projeto “Esqueça Um Livro na Câmara”, ação idealizada pelo vereador Luiz Alberto Pereira, o Cebolinha, em 2015 -- e em prática até hoje -- que permite que as pessoas deixem ou levem livros dos mais diversos temas, nas dependências da sede do Legislativo.

O Advogado dos Escravos

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu na cidade de Salvador, na Bahia, no dia 21 de junho de 1830. O pai, até hoje desconhecido, era um fidalgo português que viveu com Luiza Mahin, escrava que se destacou por sua participação na Revolta dos Malês, importante rebelião ocorrida na capital baiana em 1835. Da união do casal, nasceu Luiz Gama.

Vendido como escravo pelo próprio pai, quando contava dez anos de idade, Gama foi analfabeto até os dezessete anos. Liberto apenas quando contava dezoito anos, estudou Direito como autodidata em São Paulo. Tentou frequentar aulas nas Arcadas do Largo de São Francisco, mas foi repelido pelos colegas, brancos e em grande parte integrantes da elite escravocrata que mandava no País.

Poeta e jornalista, produziu significativa literatura abolicionista, tendo como amigo leal e companheiro de lutas seu conterrâneo Rui Barbosa, com quem, inclusive, chegou a dividir espaço num memorável jornal, O Radical Paulistano.

Mesmo como rábula, ou seja, sem ter se formado na Faculdade de Direito, Luiz Gama brilhou na advocacia. Impetrou nos tribunais paulistas, com êxito e absoluto pioneirismo, centenas de Habeas Corpus em favor da libertação de negros escravos.

Já advogado reconhecido por seus pares e admirado pelo povo, Luiz Gama teve escritório com dois professores catedráticos (como se chamavam antigamente os professores titulares), Dino Bueno e Januário Pinto Ferraz. O herói do povo brasileiro faleceu em 24 de agosto de 1882, aos 52 anos.