Comissão de Segurança da Câmara ouve delegado do 1º Distrito Policial

ImagensA Comissão de Representação de Segurança da Câmara Municipal de Indaiatuba, formada pelos vereadores Túlio Tomass do Couto, presidente, Luiz Alberto Pereira (Cebolinha), relator, Bruno Arevalo Ganem, secretário, além de Fábio Marmo Conte e Helton Antônio Ribeiro, esteve reunida na manhã de terça-feira, dia 4 de agosto, a fim de ouvir as declarações do delegado do 1º Distrito da Polícia Civil de Indaiatuba, Antonio Góes Filho.

Em cerca de duas horas de reunião, os vereadores puderam compartilhar dos conhecimentos técnicos do novo delegado de Indaiatuba, que expôs a necessidade, principalmente, de se criar mais distritos policiais e aumentar o efetivo da Polícia Civil na cidade. “De uma forma geral, a infra-estrutura em Indaiatuba é boa e chega a ser melhor do que em muitos outros municípios, mas a falta de policiais sobrecarrega os trabalhadores da área e até compromete o andamento das investigações”, afirma o delegado.

Com 32 anos de vida policial, Antonio Góes Filho sente-se à vontade para traçar um panorama da segurança. “Vejo que Indaiatuba precisa ser dividida em termos administrativos no que diz respeito à Polícia Civil. Para isso, seria importante que houvesse, ao invés de uma superdelegacia, mais distritos policiais”, diz. Para ele, existe uma dúvida em relação à distribuição da fixação de quadros, ou seja, “com a centralização, pode ser que a cidade acabe recebendo menos delegados, escrivães e investigadores”.

Segundo ele, todo o processo de melhorias exige engajamento político. “Para se criar um distrito é necessário somente um decreto do governador (José Serra)”, garante. E acrescenta: “A criação de cargos, por sua vez, é um processo determinado por lei”.

O delegado destaca que a falta de policiais civis na cidade acaba atrapalhando o processo de investigação, o que pode gerar uma sensação muito negativa de impunidade. “Atualmente, temos um investigador para cerca de 100 mil habitantes, o que significa que não dá para realizar o trabalho da forma mais adequada”, diz. E complementa: “Cada escrivão deveria trabalhar com cerca de 100 inquéritos, em média, mas, em Indaiatuba, esse número é seis vezes maior, ou seja, chega a 600”. Desta forma, ele diz que acaba tendo que estabelecer prioridades, dando destaque aos casos de interesse público como roubos, furtos, homicídios, etc. e não particular, como acontece em casos de acidentes de trânsito, agressões, entre outros.

Para Antonio Góes Filho, os principais problemas de criminalidade em Indaiatuba estão ligados ao furto de veículos e assaltos, mas também é grave a situação do tráfico de drogas, que acaba gerando muitos outros delitos. “A Polícia Militar e a Guarda Municipal desenvolvem um trabalho importante ao prender traficantes, mas nós sabemos que esta é uma ação que combate apenas o final do ciclo”, conta. Na sua visão, é preciso haver investigação e, para isso, é importante que investigadores da seccional de Campinas atuem aqui.

Quando questionado a respeito das necessidades mais urgentes para se combater a criminalidade em Indaiatuba, o delegado comenta que é preciso implantar um plantão fixo 24 horas, fazendo com que sempre haja um delegado, pelo menos dois escrivães e dois investigadores à disposição das pessoas. “Essa equipe também é importante, pois acaba resolvendo imediatamente os casos mais simples”, diz. Além do plantão, o delegado reafirma que é urgente que Indaiatuba receba mais policiais.

Em termos de soluções que envolveriam um trabalho mais político e demorado, Antonio Góes Filho expõe a necessidade de se postular a criação de uma seccional em Indaiatuba, o que traria, segundo ele, maior autonomia administrativa e orçamentária para a cidade. Ele chega a citar o caso do município de Casa Branca-SP, que, apesar de ter cerca de 30 mil habitantes, possui uma seccional. “Itu, por exemplo, está batalhando por uma seccional, sendo que o quadro da cidade vizinha é melhor do que em Indaiatuba, já que conta, atualmente, com oito delegados, três Distritos, um Batalhão e uma Companhia da Polícia Militar”, finaliza.

Foto: Giuliano Miranda/ACS-CMI
Texto: Rachel Severo Alves Neuberger