Gerentes da CPFL Piratininga prestam esclarecimentos à CPI dos apagões

Depoimentos foram dados no plenário da Câmara e transmitidos ao vivo pelo YouTube
05/06/2023
Representantes da concessionária de energia elétrica CPFL Piratininga – os gerentes Sebastião Arcanjo (de relações institucionais) e Renato de Freitas (de serviços comerciais) -- prestaram esclarecimentos na manhã desta segunda-feira (5) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara para apurar as causas das oscilações e apagões de energia que ocorrem no município. Ao designar dois de seus gerentes para depor na CPI, a CPFL atendeu ao convite formulado pela comissão de inquérito na semana passada.
 
A reunião foi realizada no plenário da Câmara e conduzida pelo presidente da CPI Arthur Spíndola e pelo relator Othniel Harfuch -- com transmissão ao vivo pelo Youtube e com a presença dos demais membros da CPI Alexandre Peres, Ana Maria dos Santos, Leandro Pinto e Wilson Índio da Doze.
 
Os vereadores inquiriram os representantes da CPFL sobre os apagões e sobre outras questões consideradas de responsabilidade da concessionária, como fios soltos, o atraso na extensão da rede elétrica em empreendimentos imobiliários, o mau atendimento aos consumidores e a demora no recolhimento dos galhos de podas de árvores e dos entulhos gerados nas substituições de postes. Outra questão abordada foi sobre a falta de recolhimento de ISS (Imposto sobre Serviços) ao município pelo que a CPFL fatura com o aluguel dos postes de energia a prestadoras de serviços de telefonia e de fibra ótica.
 
"Bem avaliada"
Spíndola abriu os trabalhos da comissão perguntando sobre as causas das constantes interrupções. Sebastião Arcanjo respondeu que as principais causas são climáticas (chuvas e fortes ventanias) e a substituição de equipamentos elétricos em investimentos que visam à melhoria da qualidade do serviço. O gerente da concessionária afirmou também que a CPFL está bem posicionada nos indicadores utilizados pelas agências reguladoras para aferir a frequência com que acontecem as quedas de energia, bem como no ranking de satisfação dos consumidores, de acordo com as pesquisas de avaliação. Complementando a resposta, Renato de Freitas afirmou que a concessionária investiu no município R$ 40 milhões nos últimos 3 anos.
 
O vereador Leandro Pinto perguntou se a concessionária tem um cronograma para a poda de árvores e a retirada dos galhos. Às vezes – enfatizou – vê-se funcionários da CPFL realizando a poda às sextas-feiras à tarde e demorar dias para a recolha da galharia. Arcanjo respondeu que as podas são realizadas por empresa terceirizada e que elas são orientadas a não fazer o serviço às sextas-feiras, “apenas em casos emergenciais”. O cronograma de podas preventivas – disse – aproveita-se do período seco para evitar o impacto dos galhos na fiação no período das chuvas.
 
O relator Othniel Harfuch afirmou que há dias em que o número de piscas chega a 5 ou 6, mesmo em dias secos e sem vendaval. “Teve um dia em que ocorreram 10 piscas e acabamos tendo um grande prejuízo, com a queima de equipamentos elétricos”. E levantou outra questão: “Quem faz o corte de energia eventualmente são pessoas mal educadas”. Relatou que um funcionário da CPFL entrou no consultório de um amigo, com pessoas ali esperando pelo atendimento, e com um celular na mão dizia que iria proceder o corte de energia por falta de pagamento.
 
“Esses funcionários não têm a flexibilidade para esperar por alguns minutos para esperar o pagamento da luz ou para que o consumidor apresente a conta paga?”, perguntou. O gerente de serviços comerciais respondeu que sim, “eles têm essa flexibilidade”.
 
Wilson Índio da Doze afirmou que no período em que atuou como presidente do Procon recebeu inúmeras reclamações de munícipes com relação ao mau atendimento prestado por funcionários da CPFL. “E o presidente atual do Procon diz que as reclamações permanecem chegando”.
 
“Estamos revisando o modelo de atendimento”, argumentou o gerente de Serviços Comerciais. “Estamos buscando a padronização do atendimento em toda a área da concessão”.
 
A vereadora Ana Maria dos Santos disse que recentemente foi passar por um exame de ultrassom e que, em dez minutos, houve dois piscas de energia. “Para onde você for em Indaiatuba, encontrará pessoas reclamando do serviço, a ponto de hoje ser muito difícil encontrar alguma seguradora residencial disposta a contratar com algum morador da cidade. As seguradoras falam que não aguentam mais ter de cobrir os custos pelas queimas de eletroeletrônicos das residências”.
 
O presidente da CPI afirmou que há empresas no município tendo grandes prejuízos também por conta dos apagões. Renato Freitas disse que o consumidor pode pleitear o ressarcimento por até 5 anos. “A partir do momento da reclamação do prejuízo, a nossa empresa vai analisar se a solicitação de ressarcimento é procedente ou não. Se a reclamação for pertinente, o processo flui”.
 
Leandro Pinto disse que a CPFL não recolhe para os cofres de Indaiatuba o ISS pelo aluguel cobrado das operadoras de telefonia pelo uso dos postes de energia. Sebastião Arcanjo respondeu que a concessionária não deve ISS pelo uso “compartilhado dos postes” para nenhuma cidade. “No nosso entendimento esse imposto não é devido, mas sei que há ações de algumas prefeituras nesse sentido”.
 
Com um feixe de fios nas mãos, Alexandre Peres apresentou um caso de desleixo das operadoras: disse que nesta manhã encontrara os fios no portão da sua casa, jogados. Na sequência disse que o SAAE, onde é engenheiro há 25 anos, é um dos maiores clientes da CPFL, com gastos de energia na casa dos R$ 2 milhões mensais, “mesmo assim, a CPFL trata o SAAE com descaso”. Desde setembro de 2022 – exemplificou -- a autarquia municipal de água e esgoto protocolou pedido para a concessionária realizar a ligação de energia para o bombeamento do esgoto do Jardim Vale do Sol e até hoje, passados 8 meses, a solicitação não foi atendida.
 
Freitas disse que se informaria sobre o caso, mas que acreditava que o atraso seria motivado por recusa técnica ou comercial. O parlamentar retorquiu: “O Fernando Monteiro (funcionário da CPFL regional) disse que em janeiro estaria ligado”.
 
Índio da Doze apresentou outro caso de demora na ligação de energia que está prejudicando dezenas de pessoas: no Residencial Céu Azul, os cidadãos estão há muito tempo pagando o aluguel, mas não conseguem ocupar os imóveis por falta de luz elétrica. “Inicialmente – respondeu Freitas – houve algumas recusas de ordem técnica com relação ao projeto”. De imediato, o presidente da CPI rebateu: “A empresa de engenharia que fez o projeto alega que o problema é da CPFL. Precisamos fazer uma acareação”.
Confira aqui a íntegra da sessão.
Próximos depoimentos
Após os depoimentos, Arthur Spíndola anunciou que na próxima reunião, a ser realizada às 10h do dia 14, serão ouvidos o superintendente do SAAE, Pedro Cláudio Salla, e o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Guilherme Magnusson.
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